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É o Fim do Xadrez Competitivo?


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Você acredita que o xadrez competitivo, o jogo de infinitas variantes, respeitado, consagrado e célebre por comunidades intelectuais do mundo todo, pode estar chegando ao fim?


É o que será discutido neste artigo, e acredite, os fatos colocam em cheque a prática natural do tão aclamado jogo.


O Xadrez é tão antigo que perpetua enorme controvérsia sobre seu surgimento, contudo, é certo que, junto com o jogo de damas, são os jogos de tabuleiro mais praticados no mundo até os dias atuais.


Por repetição e estatística foi possível extrair estudos de xadrez que, aos olhos humanos, parecem avançados, mas não se engane, a limitação cognitiva dos seres humanos nos coloca em desvantagem frente a tecnologia moderna.


O cálculo e o dinamismo são a base do jogo de xadrez, grandes jogadores concluíram que, uma vez que o jogo começa em condição de igualdade, mover as peças equivocadamente é que faz você perder a partida.


Considerando a premissa acima, é possível concluir que, as movimentações devem sempre buscar condições de equidade? “Não sempre! A graça do jogo está em vencer, sendo assim, quando possível, você precisará identificar e punir o erro adversário”.


Os jogadores mais experientes de xadrez, os aclamados grandes mestres, conseguem calcular variantes de suas jogadas, com profundidade média de 10 lances futuros, como foi o caso do campeão mundial Garry Kasparovi, na final do mundial no ano de 1.990, contra seu arquirrival Anatoly Karpov.


Veja o vídeo da partida no canal Xadrez Brasil:



Indiscutível a brilhante capacidade humana em prever e calcular possibilidades, entretanto, tecnologias conseguem reproduzir o mesmo raciocínio em muito menos tempo, calculando milhões de vezes mais rápido e entregando resultados muito mais satisfatórios.


Por que estamos entrando neste dilema?


Caso Hans Niemann

Niemann é um jovem grande mestre norte americano que está sendo acusado informalmente de usar de tecnologias para vencer no xadrez, em outras palavras, estaria trapaceando.


Anos atrás, quando tinha 12 e 16 anos, Niemann foi banido da maior plataforma de xadrez online (Chess.com), por ter sido pego usando “engine” – espelhar jogadas com auxílio de computadores.


E recentemente, após vencer o campeão mundial, Magnus Karlsen, Niemann vem sendo investigado por, supostamente, ter se beneficiado de mecanismos tecnológicos para extrair vantagens de seus oponentes, só que desta vez, em torneios presenciais.


O estadunidense em questão, antes conhecido apenas por ser um bom e regular jogador de xadrez, inexplicavelmente, disparou o seu “rating” – pontuação atribuída em função dos resultados – chegando a marca de 2.700 em tempo recorde, jamais visto na história.


Os fatos que versam sobre a realidade de Niemann, fazem os especialistas a acreditarem que, de alguma forma, ele estaria trapaceando novamente, mas a pergunta é, como?


São inúmeras as especulações de como o jovem estaria trapaceando, mas as mais consistentes são as relacionadas ao recebimento de informações externas através de algum dispositivo instalado em seu corpo.


Acompanhe as breves declarações de Niemann e, em seguida, do campeão Carlsen:


“Jogo pelado se quiserem!” (NIEMANN, Hans, em entrevista Clube de Xadrez de Saint Louis, 2022).
“Trapaças ameaçam o xadrez.” (CARLSEN, Magnus, em em seu Twitter, 2022).

O receio do campeão mundial, considerando o rápido e desenfreado avanço tecnológico, faz muito sentido!


Você já ouviu falar em Neuralink?

Neuralink é uma empresa neurotecnológica anglo-americana estabelecida por Elon Musk, que relatou estar a desenvolver interfaces cérebro–computador implantáveis.


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Neste viés, compreende-se neurotecnologia pela capacidade do cérebro humano se conectar com o computador, e é exatamente isto que pretende a Neuralink, implementar uma tecnologia (chip) no cérebro humano, com intuito de viabilizar a comunicação neural e estimular o cérebro.


Em tese, Musk tem como principal objetivo ajudar a curar doenças, especialmente, as que envolvem deficiências motoras e as chamadas doenças psiquiátricas, como por exemplo, a depressão.


No entanto, especula-se que a intensão revelada por Musk, de curar pessoas, seria apenas o meio de convencer as autoridades americanas a admitirem o desenvolvimento do seu experimento, mas que na verdade, a tecnologia envolvida em seus estudos seria o berço da próxima revolução tecnológica.


Para o xadrez, o projeto Neuralink importa uma reflexão profunda e arriscada, no sentido de que, havendo estímulos cerebrais manipuláveis, antes ou durante uma partida, poderia mudar radicalmente o rumo natural da disputa.


O triste fim do xadrez competitivo.

Para discorrer se o xadrez competitivo está próximo do seu fim, é preciso considerar um fato irrefutável, qual seja:

“A tecnologia se desenvolve muito mais rapidamente do que as normas”

Desde os primórdios, o direito sempre foi positivado para sanar ou regular problemas pré-existentes. De acordo com essa premissa fática, compreende-se que as regulamentações de direito sempre estarão atrasadas com relação as inovações.


Prova disto, é a dificuldade em que o poder legislativo enfrenta para regular as criptomoeadas – moeda virtual -, que surgiram em 2009 com o Bitcoin, entretanto, até hoje, em pleno 2022, não há regulação específica.


Não bastasse o retardo normativo, nos últimos anos a tecnologia vem se desenvolvendo em velocidade alucinante, o que dificulta ainda mais a elaboração de normas contemporâneas e efetivas.


Nos tabuleiros, as normas são abrangentes e generalistas, sobretudo, quando prevê e pune a utilização de trapaça independentemente do meio utilizado, contudo, no caso do xadrez, a defasagem com relação à tecnologia, se apresenta nos meios de fiscalização (antitrapaça), que é criado para identificar meios de cheats já conhecidos.


Conjecturando todo o exposto, não é descartável a ideia de que pode haver meios de trapaça não identificáveis, que poderão comprometer o xadrez competitivo a ponto de desestimulá-lo e até extingui-lo por completo.


Portanto, é racional concluir que existem duas vertentes plausíveis que ameaçam nosso bom e velho xadrez competitivo, a primeira é a implementação das novas tecnologias que viabilizam a trapaça não identificável e, a segunda, é a esboçada pela Neuralink, que possibilitará a atualização de “software” dentro da mente humana.


Ambas as hipóteses, extrai do jogo o fator humano, e por conseguinte, exime a competividade, não havendo razões para duas pessoas competirem em uma partida de xadrez. Seria o mesmo que assistir uma máquina contra a outra.


Você acha que o avanço tecnológico pode sacrificar o xadrez competitivo?


Na sua opinião, qual seria a solução para as hipóteses apresentadas neste artigo?

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